O humorista Marvio Lucio, o Carioca, do Pânico na Band desistiu do quadro “A Turma do Didi Maiscedo” onde ele imitava o líder da Igreja Universal do Reino de Deus fazendo uma sátira com o programa Fala que eu te escuto, da Record.
Carioca garante que a decisão de acabar com o quadro partiu dele mesmo e que a produção do programa não fez pressão para que ele desistisse.
“Religião é difícil. Meu conteúdo estava restrito”, disse o humorista que substituiu o personagem “Didi Maiscedo” pelo “Marcelo Sem Dente”. Mas quem assiste ao programa percebeu que o cenário ainda é parecido com o programa religioso exibido pela Record e que ainda há um personagem que exorciza demônios.
Além de se sentir “com freio de mão puxado”, Carioca também ficou com medo da incitação religiosa diante dos problemas envolvendo o deputado federal pastor Marco Feliciano.
“Esse clima de incitação religiosa assusta. Não vale fazer humor com preocupação”, disse ele. As informações são do blog Mauricio Stycer.
Um vídeo no qual a Paixão de Cristo é encenada por crianças tem feito um grande sucesso na internet, sendo compartilhado e reproduzido em sites e redes sociais. No vídeo, o relato bíblico sobre a morte e ressureição de Cristo é narrado e encenado por crianças entre 3 e 5 anos, e tem atraído a atenças de milhares de pessoas.
O vídeo foi gravado por membros da igreja Comunidade Luterana do Redentor, no Bairro São Francisco, em Curitiba. A gravação durou um dia, e foi realizada em uma chácara de Campo Largo, na Região Metropolitana de Curitiba, e contou com a participação de 20 crianças da igreja.
Carolina Stuernagel, uma das idealizadoras do vídeo, conta, que a ideia inicial do projeto era simplesmente montar um vídeo sobre a data com ajuda de pessoas que frequentam a igreja. A inspiração de utilizar crianças como atores surgiu de outro vídeo, produzido por australianos.
- O objetivo principal era fugir dessa história de que a Páscoa é representada pelo ato de receber chocolates, e sim, mostrar a mensagem original da Paixão de Cristo – afirmou, segundo o G1.
- A gente até esperava que tivesse alguma ‘audiência’, mas realmente nos surpreendemos com os números e com o poder da internet – completou Carolina, sobre a repercussão do vídeo.
Ela falou ainda sobre como foi trabalhar com crianças na produção, e afirma que isso fez com que o resultado ficasse melhor do que o que foi previsto no roteiro.
- Gravar o áudio foi mais fácil que montar as cenas. Mas foi super legal, o improviso ficou melhor que o roteiro e o resultado ficou mais espontâneo, natural – explicou Carolina Stuernagel, que completou dizendo: – Quando a gente trabalha e convive com crianças as coisas se tornam ainda mais maravilhosas. Se de todos os compartilhamentos, pelo menos 1% dessas pessoas entendeu o sentido real da Páscoa, para nós já é uma comemoração muito grande.
Após a onda de ataques a Marco Feliciano (PSC-SP), algumas figuras formadoras de opinião começam a ponderar sobre a questão envolvendo sua eleição à presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) da Câmara dos Deputados.
A jornalista Rachel Sheherazade, âncora do SBT Brasil, foi a primeira a se manifestar contra o exagero em torno dos protestos contrários a Feliciano. Agora, o jornalista Alexandre Garcia, que comenta política na TV Globo e na rádio Metropole, de Brasília, saiu em defesa de Feliciano dizendo que no Brasil, opinião não é crime.
“Tá uma novela essa história do pastor Marco Feliciano [...] Dois militantes foram presos, eu vi uma foto no jornal, uma coisa horrível. Um manifestante, em pé, em cima da mesa que é ocupada pelos deputados. Aí não dá, é um exagero [...] Eu ouvi o noticiário todo, e o noticiário sempre começa assim: ‘o pastor Marco Feliciano, acusado de opiniões homofóbicas e racistas…’ Opa, agora me deram a chave de tudo isso. Se ele é acusado por opinião, supõe-se então que aqui no Brasil exista crime de opinião, e não existe. Ele não pode ser acusado de opinião, se a opinião é livre, e é protegida pela Constituição. Cada um pode ter a sua opinião”, ponderou o jornalista.
Garcia ainda ressaltou que “no momento em que ele puser em prática o racismo, incitar as pessoas ao racismo, ou à homofobia, aí sim” poderia ser acusado, e complementou: “Mas enquanto ele expressar a opinião dele, como ele tem expressado, que é contra o casamento gay… Deu uma declaração sobre a África, que se eu fizer uma declaração sobre a América do Sul dizendo mais ou menos a mesma coisa, ninguém vai me acusar de racismo”.
Ouça o comentário:
Já o jornalista Ricardo Noblat, do jornal O Globo, ironizou afirmando que os holofotes colocados sobre Feliciano trouxeram tranquilidade para o senador Renan Calheiros e o deputado Henrique Eduardo Alves, ambos do PMDB, e que recentemente assumiram a presidência do Senado e da Câmara dos Deputados, respectivamente.
“Comunicado público: Henrique Eduardo Alves e Renan Calheiros agradecem de coração ao pastor Marco Feliciano o seu desempenho como presidente recém-eleito da CDHM”, escreveu, em tom sarcástico.
A crítica de Noblat se estende e alcança a organização Avaaz, que protestou contra Calheiros e depois “esqueceu” o caso para promover protestos contra Feliciano: “Cadê o movimento que recolheu mais de uma milhão e meio de assinaturas pedindo o afastamento de Renan (PMDB-AL) da presidência do Senado por falta de decoro? Esgotou-se? Sua única finalidade era amealhar as assinaturas? Não se ouvirá mais falar dele nas redes sociais? Nem do alvo de sua sanha? Justificável sanha, por sinal! Alvo bem escolhido”, criticou.
O presidente da Câmara dos Deputados também foi citado pelo jornalista, que relembrou os protestos contra ele por causa dos privilégios estendidos aos colegas parlamentares: “É de R$ 26.700,00 o salário mensal de um deputado. Mas ele recebe um segundo salário para pagar de R$ 34 mil. É pago mediante a apresentação de notas fiscais. Ninguém checa se as despesas foram de fato realizadas e se as notas não são frias. Henrique saldou mais três parcelas do preço de sua eleição: aumentou o auxílio-moradia de R$ 3 mil mensais para R$ 3.800,00; eliminou o limite de reembolso para assistência médica aos colegas; e aprovou a criação de 59 cargos em comissão. Em sua defesa, lembra que limitou o pagamento do 14º e 15º salários anuais aos deputados”, disse Noblat.
O senador Magno Malta, em discurso realizado na última semana, destacou que apesar de ter divergências de ideias com o pastor Marco Feliciano, defende a democracia e entende que ele precisa ser respeitado como parlamentar, por ter sido eleito democraticamente.
“O deputado Marco Feliciano pode pensar diferente do deputado Jean Wyllys, e até deve, porque fica bem para a democracia. E o deputado Jean Wyllys precisa, pelo bem e respeitando a democracia, ser contra o deputado Marco Feliciano no que pensa, nas suas bandeiras. Mas são obrigados, e devedores, ambos, do respeito um ao outro. Porque nós temos dívidas com os homossexuais. Temos. E qual é a dívida? É a que a Bíblia fala: ‘A ninguém deveis nada, exceto o amor’, respeito. Nós devemos o respeito como eles também nos devem o respeito. E se na pluralidade da democracia, na proporcionalidade ou em acordo de partidos, coubesse ao PSOL do deputado Jean Wyllys a presidência da Comissão de Direitos Humanos, caberia ao deputado Marco Feliciano votar nele, respeitá-lo".
O próprio Feliciano tem rebatido as críticas usando o histórico da CDHM como comparação: “Não lembro de nada de mais relevante que a comissão tenha feito nos dois anos anteriores. A CDH é uma comissão de mérito: recebe e apura denúncias, nada muito além disso. E é o que estamos fazendo”, disse, de acordo com informações de Lauro Jardim, no site da revista Veja.
Sobre os manifestantes, Feliciano afirma que espera deles uma postura mais racional: “Gostaria muito que eles parassem para ouvir as reuniões. Veja se eles fazem isso no plenário, nas sessões comandadas pelo presidente Henrique (Eduardo Alves)? Lá, eles sequer podem bater palmas. O que eles fazem na CDH não é democracia”, criticou.
Os deputados federais Jean Wyllys, Érica Kokay e Domingos Dutra entraram com uma ação criminal contra o deputado e pastor Marco Feliciano, o pastor Silas Malafaia e os assessores do deputado acusando-os de crimes como difamação, calúnia, falsificação de documentos, formação de quadrilha, falsidade ideológica e improbidade administrativa. (leia mais sobre aqui)
O pastor Silas Malafaia comentou que vai entrar na Procuradoria Geral da República com uma ação contra os três deputados por denunciação caluniosa. O pastor afirma que as acusações feitas contra ele tem como base mensagens publicadas em um perfil falso no Facebook, com o qual ele não teria nenhuma relação. Malafaia detalha ainda que na mesma denúncia em que seu nome está relacionado estão misturados assuntos que não tem nenhuma relação com ele, e classifica a ação como um jogo “inescrupuloso e bandido” que tenta o incriminar. “Os ativistas gays e seus defensores não suportam o debate democrático, querem criminalizar a opinião, e, no Brasil, amparado pela Constituição, opinião não é crime. A duras penas o Brasil ficou livre do delito de opinião”, afirma.
- Os que querem tirar o pastor Marco Feliciano da presidência da CDHM, e os que querem tirar os meus direitos, são os mesmos que defendem o aborto. Que moral esta gente tem para falar de Direitos Humanos? Nenhuma! – disse o pastor em nota oficial
O jornalista Reinaldo Azevedo, da Revista Veja, afirma que a própria representação feita pelos parlamentares “fala sobre a existência de perfis falsos, mas parte do princípio de que os responsáveis por eles são justamente os que têm seus respectivos nomes usados à revelia”.
- Chega a ser uma piada que Wyllys processe Feliciano, dizendo-se perseguido. Ora, quem é que lidera a campanha nacional contra o presidente da comissão? Incluir Malafaia na peça acusatória é a evidência escancarada de má-fé. Ele não é político, não está na comissão; é, apenas, alguém com o direito a uma opinião – comentou o jornalista, que disse também que a tentativa do processo é de cercear o pensamento e a liberdade de expressão.
- O Brasil vai ficar lotado de aiatolás bondosos dizendo o que podemos pensar ou não, o que podemos dizer ou não, que religião podemos ter ou não. Os que acreditam em Deus devem deixar de lado essa ideia estúpida de absoluto e acreditar em Wyllys – criticou.
Azevedo diz ainda que os acusadores estariam interessados em juntar seus adversários “no mesmo saco de gatos”, e classifica as ações dos parlamentares como um espetáculo de intolerância.
- Espero que a mesma imprensa que está endossando esse espetáculo de intolerância não venha a pagar caro por sua estupidez. Está confundindo o direito à divergência e ao protesto – conclui o jornalista.
Em uma nova nota oficial em seu site oficial, Wyllys justifica a ação criminal afirmando que o pastor Silas Malafaia “é amplo divulgador de campanhas ilegais contendo inverdades e ofensas” contra ele. O deputado afirma ainda que Malafaia “faz isso através dos seus perfis oficiais nas redes sociais e de outros não oficiais”, ressaltando que os perfis que ele classifica como não oficiais não são contestados pelo pastor. O ex-BBB cita ainda as afirmações “o deputado Jean Wyllys chamou os cristãos de doentes” e “sabia que o Jean Wyllys ofendeu os cristãos e declarou guerra?” feitas no perfil oficial do pastor no Twitter recentemente em uma acalorada discussão como prova de que não está se baseando em publicações em perfis falsos do pastor.
O texto publicado no site de Wyllys, assinado pelo advogado Antônio Rodrigo Machado, afirma que o “chamamento ao ódio e a guerra foi prontamente atendido por diversos seguidores dos representados, e a vida do parlamentar foi posta em risco”, e classifica os pastores e outras pessoas relacionadas como réus no processo como uma “cadeia criminosa organizada”.