domingo, 29 de janeiro de 2012

“Pastores feiticeiros e seu evangelho pagão”, diz Ed René Kivitz sobre unção de canetas

O vídeo onde dois pastores da Igreja Universal do Reino de Deus pedem para que os fieis que se inscreveram no concurso público e levem a  ficha de inscrição ou uma caneta para ser ungida gerou muita polêmica e até mesmo um blog do jornal O Estado de São Paulo comentou o caso.
Ao ler isso nesse respeitoso periódico, o pastor Ed René Kivitz escreveu em seu blog que tal prática até que faz sentido dentro no segmento cristão que realiza tantos atos sem lógica bíblica. Para o pastor da Igreja Batista da Água Branca é normal que uma pessoa que acredita que Deus interfere na vida das pessoas possa abençoá-la para passar no concurso público.
“Para quem acredita que Deus revela segredos aos seus filhos, fala pela boca dos profetas e dá palpite na vida dos outros, qual é o problema em pedir uma iluminação ou uma direção, tipo informação privilegiada, como ajuda para o êxito num concurso público?”, escreve ele que também cita outras atitudes bastante comum no meio evangélico atual.
Entre elas o fato das pessoas acreditarem que o templo é a Casa do Senhor e que os fundadores das igrejas, pastores, bispos, apóstolos ou patriarcas são “pessoas especiais com uma unção especial de Deus”. “Qual é o problema de participar dessa unção ritualística no Templo Sede Internacional e receber a benção do homem de Deus antes de atravessar o desafio de um concurso público?”, questiona.
Sobre todos os aspectos apresentados Kivitz diz que respeita a lógica, mas que é um desafio responder se essa lógica expressa verdadeiramente o evangelho. “Apesar de grotesca e de causar espanto, respeitada a lógica religiosa popular cristã, não há nada de errado nessa prática noticiada pela Agência Estado. O desafio é responder se essa lógica expressa de fato o Evangelho de Jesus Cristo”.
Leia o artigo completo de Ed René Kivitz aqui.

Pesquisa mostra como os “valores sagrados” são processados pelo cérebro de forma diferente

Um estudo com neuroimagens feito pela Universidade Emory mostrou que os valores pessoais são processados de forma diferente pelo cérebro. Mesmo quando se oferece dinheiro para que a pessoa mude de ideia, o cérebro trabalha a informação de modo diferente dos valores que podem ser “vendidos” por livre e espontânea vontade.
“Nossa experiência provou que o ‘sagrado’ – quer seja uma forte crença religiosa, um código de ética ou de comportamento – possui um processo cognitivo distinto”, explica Gregory Berns, diretor do Centro para Neuropolítica da universidade. Ele é o principal autor dos estudos que foram publicados na revista Philosophical Transactions sob o título de “The Biology of Conflict Cultural” [A Biologia do Conflito Cultural].
O professor Berns liderou uma equipe que incluía economistas e cientistas da informação da Universidade Emory, um psicólogo da New School for Social Research e antropólogos do Instituto Jean Nicod de Paris, França. A pesquisa foi financiada pelo Escritório de Pesquisa Naval dos EUA, o escritório de investigação científica da Força Aérea da e a Fundação Científica Nacional.
“Nós desenvolvemos um método científico para entender como as pessoas tomam decisões que envolvam valores sagrado. Isso tem implicações importantes se você quiser entender melhor o que influencia o comportamento humano em diferentes países e culturas”, diz Berns. “Estamos vendo como os valores culturais fundamentais são representados no cérebro.”
Os pesquisadores utilizaram ressonância magnética funcional (fMRI) para gravar as respostas do cérebro de 32 voluntários adultos. Na primeira fase, os participantes receberam frases diversas, que vão desde algo corriqueiro como “Você gosta de beber chá,” até questões polêmicas, como “Você apoia o casamento gay” e “Você é contra o aborto”.
Cada uma das 62 declarações tinha um equivalente contraditório, como “Você não gosta de beber chá” e “Você é a favor do aborto”. Os participantes tinham que escolher uma de cada par.
No final do experimento, os participantes tiveram a opção de vender, em um tipo de “leilão”, as suas declarações pessoais. Ou seja, mudando as suas escolhas anteriores em troca de dinheiro. Eles poderiam ganhar até US$ 100 por declaração. Para isso, precisavam assinar um documento afirmando o oposto do que eles acreditavam. Os voluntários podiam optar em simplesmente não participar do leilão das declarações que não desejavam mudar.
“Nós usamos o leilão como uma medida de integridade para declarações específicas”, explica Berns. “Se uma pessoa se recusava a aceitar dinheiro para mudar uma declaração, considerávamos que aquele era um ‘valor sagrado’. Mas se aceitava o dinheiro, então consideramos que tal declaração não era sagrada para aquela pessoa.”.
A principal conclusão da pesquisa refere-se ao processo cognitivo, uma vez que esses pensamentos sobre ‘valores sagrados’ geram uma ativação maior na região do cérebro associada ao que é certo e errado. O mesmo não ocorre nas áreas que determinam o custo-benefício de determinadas situações e estão relacionadas com a recompensa.
Os participantes da pesquisa que participavam ativamente de organizações como igrejas, equipes esportivas, grupos musicais e clubes ambientais, mostraram uma atividade cerebral mais intensa na mesmas regiões do cérebro associadas aos valores sagrados.
“Grupos organizados podem incutir valores mais fortemente através da utilização de regras e normas sociais”, explica Berns.
O experimento também comprovou uma ativação na amígdala, região do cérebro associada às reações emocionais, mas apenas nos casos em que os participantes se recusaram a receber dinheiro para mudar de ideia. ”Essas declarações causavam maior repudio nos indivíduos”, diz Berns, “o que é consistente com a ideia de que quando os valores sagrados são violados, isso gera indignação moral.”.
O professor Berns comemora ”Nós agora temos maneiras para começar a entender essa relação. Isso pode colocar o campo relativamente novo da neurociência cultural no centro das atenções”. Para ele, a tendência é que algumas questões “morais” ou “sagradas” sejam cada vez mais debatidas. Algumas culturas poderão optar por mudar a sua biologia, e no processo, mudar sua cultura ou valores religiosos.
Traduzido e adaptado de Emory