segunda-feira, 11 de julho de 2011

Achei que tinha visto de tudo: Olha o Nome da Igreja...


Num passeio pelas ruas das principais cidades brasileiras, qualquer pessoa há de ficar impressionada com a quantidade de igrejas evangélicas. São templos, pontos-de-pregação, salas, portinhas, com direito a Pronto-Socorro Espiritual e até Drive-Thru, onde as pessoas passam rapidinho com os carros, recebem a oração do dia e vão embora. Mas, no geral, são lugares onde o povo de Deus se reúne para congregar e exercer a sua fé. Símbolo da expansão do segmento evangélico na sociedade brasileira, a proliferação de igrejas, se por um lado possibilita a disseminação da Palavra de Deus, por outro, gera situações curiosas. Há ruas com vários templos e até mesmo congregações que funcionam coladas parede-a-parede. Agora, engraçado mesmo – com todo respeito eclesiástico, claro! – é conferir o nome de algumas igrejas. Existe, por exemplo, Igreja Dekanthalabassi, Igreja A Serpente de Moisés Aquela Que Engoliu As Outras, Igreja Pentecostal Jesus Vem Você Fica, Igreja Evangélica Pentecostal A última Embarcação Para Cristo, Igreja Chave do éden, Igreja Evangélica Batista Barranco Sagrado, Igreja Batista A Paz Do Senhor E Anti-Globo, entre muitas outras. Podemos discutir a exacerbada e muitas vezes bem-humorada criatividade de tais nomes, mas o fato é que os aproximadamente 55 milhões de evangélicos brasileiros têm à disposição um variadíssimo cardápio de opções para filiação religiosa. Só não vai à igreja quem não quer! Curiosos, bizarros, imaginativos, respeitosos e até desrespeitosos, os nomes de igrejas, digamos, originais, compõem uma extensa lista: há, por exemplo, a Igreja Pentecostal Alarido de Deus, de Anápolis (GO); a Igreja Evangélica Deus Pentecostal da Profecia, de São Mateus (ES), que não deixa dúvidas sobre o caráter avivado do povo que se reúne ali; ou, ainda, a Igreja Evangélica Vida Profunda, da Itaperuna (RJ), onde o crente, já na entrada, recebe um estímulo para deixar de lado a superficialidade na sua relação com Deus. Já a Igreja da Revelação Rápida parece ter sido feita de encomenda para os fiéis mais apressadinhos. Ou, Igreja Cristã Evangélica Espírita Nacional. No nome há a união de religiões que não se relacionam entre si. Como um evangélico pode ser muçulmano ou espírita ao mesmo tempo? Existem muitas outras, quase sempre pequenas denominações pentecostais dirigidas por líderes leigos, onde o que vale é a espontaneidade litúrgica e uma boa dose de improvisação. Mas a verdade é que mais do que uma simples tendência, a proliferação das igrejas evangélicas, há alguns anos, já chama a atenção como fenômeno sociológico. Nos anos 90, o Instituto Superior de Estudos da Religião (Iser) debruçou-se sobre os números e chegou a uma conclusão de espantar: só no Grande Rio, cinco novas igrejas surgiam… por semana! E as coisas só aumentaram de lá para cá. Números confiáveis não existem, mas levantamentos realizados por entidades missionárias apontam para a existência de cerca de 220 mil templos e casas de culto evangélicas no país. "Hoje, há uma média de 1,5 mil pessoas por igreja no Brasil", diz o pesquisador Louranço Kraft, do Serviço para a Evangelização da América Latina (Sepal). Claro, elas concentram-se nos centros urbanos. Em regiões como a Amazônia ou o interior do Nordeste, a presença evangélica permanece extremamente rarefeita. Razões para tanto crescimento não faltam – além do evangelismo ostensivo, responsável por novas conversões, as igrejas evangélicas costumam receber muitos ex-fiéis de outras confissões, como o catolicismo e o espiritismo.
Há ainda outro aspecto – a ruptura com antigos dogmas, como restrições quanto a usos e costumes e normas rígidas de vestuário. "Os evangélicos aboliram a vida ascética que antes preconizavam", avalia o doutor em sociologia Ricardo Mariano, autor do livro Neopentecostais – Sociologia do novo pentecostalismo no Brasil (Edições Loyola). Segundo ele, os crentes, cada vez mais adaptados à sociedade, conseguem fazer seu discurso penetrar com mais facilidade, atraindo novos adeptos até mesmo em setores das classes média e alta, tradicionalmente mais avessos à mensagem do Evangelho.Continuar »

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