“De que pois se queixa a alma vivente? Queixe-se cada um de seus próprios pecados” (Lm. 3:39).
O mistério da culpa é inerente à alma. Dia ou noite, os seres humanos procuram saber de quem é a culpa, pois é um método de esconder o orgulho de dentro si, acusando instantaneamente alguém mais distante ou mais próximo, transferindo o peso de assumir seus próprios erros, atrasando o processo da cura da alma, enfim. Por causa da insegurança emocional, encontrar um culpado é bem mais fácil e confortável.
Além disso, alivia temporariamente o medo e transfere a pseudohumilhação para outrem. Parece que é desse jeito que podemos encontrar soluções para os conflitos pessoais nas sociedades, principalmente nas famílias e em nossas igrejas, mas este não é o caminho certo. Porém, de uma coisa podemos ter a certeza: a culpa nunca é, nem será de Deus.
A CULPA NUNCA FOI, É OU SERÁ DE DEUS!
“De que pois se queixa a alma vivente? Queixe-se cada um de seus próprios pecados” (Lm. 3:39).
Encontrar um culpado não está nos planos de Deus, mas faz parte da vida na terra e parece dar prazer a vários seres humanos. O Senhor está preocupado em resgatar e salvar. Quanto à punição é um fim para quem desejou desprezar os esforços de Deus. Veja bem, Ele mesmo providenciou todos os meios para que a culpa fosse absorvida para sempre da face da terra, quando enviou a Jesus para nos libertar da maldição da lei. No tempo da Lei era ‘olho por olho” e “dente por dente”, lembram? Não havia compaixão, nem sentimento de perdão ou nova chance para quem errou. Isso não era o significado de falta de compaixão, e, sim da aplicação de regras para uma vida de paz em sociedade. Com o tempo, foi necessário Deus estabelecer Sacerdotes, Reis e Juízes para que houvesse ordem, normas, ética e princípios morais e espirituais para a nação de Israel.
A natureza de Deus é de paz e harmonia. Quando ocorre algo que foge desta natureza perfeita de Deus, Ele não é culpado. O homem deve queixar-se de seus próprios erros. Portanto, lembre-se a culpa não é de Deus.
“De que pois se queixa a alma vivente? Queixe-se cada um de seus próprios pecados” (Lm. 3:39)
NÃO JULGUEIS PARA QUE NÃO SEJAIS JULGADOS (Mt. 7); (Lc. 6:37) e (João 7:24)
Quando passamos a julgar alguém por questões comportamentais de ordem espiritual ou moral, não importa (não estou tratando de práticas criminais no sentido doloso ou culposo no âmbito de nosso código penal para reclusão do indivíduo que represente perigo à sociedade), mas digo de fatos comuns e dos relacionamentos comuns ao nosso dia a dia, nos tornamos juízes de nós mesmos, sentenciando traumas muitas vezes irreversíveis aos outros.
“Não julgueis, e não sereis julgados; não condeneis, e não sereis condenados; soltai, e soltar-vos-ão. (Lc. 6:37).
Em outras palavras quando julgamos a forma como alguém vive, fala, pensa ou escreve, estamos julgando a nós mesmos, pois todos nós seres humanos, temos uma mesma natureza imperfeita (sem Cristo). E, ainda somos capazes de exigir perfeição dos outros e até de nós mesmos.
“Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos outros” (Rm. 12:10).
PERFECCIONISMO É PECADO?
Para quem acha que ‘perfeccionismo’ é pecado, acertou em cheio. O perfeccionista era considerado aquele judeu que não cometia pecado público, mas esquecia-se de seus pecados ocultos. Os ‘perfeitos’ mandavam atirar pedras nos imperfeitos. Assim era a Lei de Moisés e dos Profetas até que Jesus chegou e questionou a Lei sem alterá-la, desafiando os pecadores, fariseus e outros perfeccionistas que não tivessem pecado que atirassem a primeira pedra na mulher imperfeita. ( João 8:7).
“E, como insistissem, perguntando-lhe, endireitou-se, e disse-lhes: Aquele que de entre vós está sem pecado seja o primeiro que atire pedra contra ela.” ( João 8:7).
Ninguém pode sair por ai atirando pedras em todo mundo, julgando o erro de seus irmãos, se o seu nome estiver no SCPC e Serasa, sabe?… E, faço você pensar um pouco mais além… Ainda que seu caráter esteja limpinho, continue mantendo-o limpo, exercendo a humildade e guardando a sua língua do inferno.
“A língua também é um fogo; como mundo de iniqüidade, a língua está posta entre os nossos membros, e contamina todo o corpo, e inflama o curso da natureza, e é inflamada pelo inferno” (Tiago 3:6)
Quem pensa que não comete pecado alimentando os espíritos da mentira, do engano e da soberba? Afinal, um cisco no olho do irmão é uma fácil habilidade do perfeccionista, mas este pecador não tem a mesma habilidade para identificar a trave no seu olho. Há indivíduos ansiosos por exercerem sentenças como juízes de seus irmãos. Não estão ávidos por justiça, e, sim por se sentirem vaidosamente superiores. Mas, a Palavra de Deus exorta a ter cuidado com este mal comportamento.
“Portanto, nada julgueis antes de tempo, até que o Senhor venha, o qual também trará à luz as coisas ocultas das trevas, e manifestará os desígnios dos corações; e então cada um receberá de Deus o louvor”. (I Co. 4:5).
e,
“Porventura não fizestes distinção entre vós mesmos, e não vos fizestes juízes de maus pensamentos?” (Tiago 2:4).
O PERDÃO É UMA MANIFESTAÇÃO DIVINA
Muitos casais chegam aos mais elevados níveis de vingança e ofensa que se possa imaginar. A competição enlouquecida e cega para obter o logro de uma justiça envaidecida deve condenar o culpado de imediato lançando-o numa fornalha de fogo ou numa cova de leões e, muitas vezes até mesmo numa sentença de crucificação. A única rota de fuga de uma vida cega e surda, sem o exercício pleno da Palavra de Deus é achar um culpado para toda relação ruim, excluindo-se de qualquer responsabilidade, à revelia de qualquer consequência de dor ou tristeza aos frutos da relação, tudo isso atropelando um único gesto de humildade, perdão e reflexão. A destruição de um lar, a infelicidade da criação de filhos, a falta de perdão entre entes queridos, dentre outros problemas familiares é o resultado mais conhecido desta falta de exercício do perdão.
Mas, o mesmo também acontece numa congregação, onde, sem o Espírito Santo, a força do império da culpa é exercida com muito rigor a ponto de dividir a comunhão dos santos, destruir cultos e até fechar os templos para sempre. Tudo isso poderia ser evitado, se ao invés de uma investigação e sentença sobre a culpa houvesse uma liberdade INDIVIDUAL para a manifestação do Espírito Santo no seio COLETIVO.
Somos diferentes, mas exigimos perfeccionismos pecaminosos ao não respeitar as diferenças. A intolerância às diferenças, pode levar uma família, sociedade ou nação à ruína total. Mas, quando deixamos que o Espírito Santos atue, o amor vence tudo.
“Sujeitando-vos uns aos outros no temor de Deus” (Ef. 5:21).
e,
“A palavra de Cristo habite em vós abundantemente, em toda a sabedoria, ensinando-vos e admoestando-vos uns aos outros, com salmos, hinos e cânticos espirituais, cantando ao Senhor com graça em vosso coração”. (Col. 3:16)
A LEI E A CULPA
Na Lei e no pecado o povo de Israel não sentia a dor de seu irmão. A Lei era dura, firme e recheada de severidade e frieza. Portanto, pecou, é culpado, deve morrer!
Contextualizando, sem lei (para os outros) o nosso egoísmo perece, nossa vida perde os benefícios que venham dessa sentença, e sem ela não temos conforto em nossos palácios. Todo culpado deveria sofrer a humilhação que derivasse da culpa.
A CULPA E A GRAÇA
Mas, não estamos mais debaixo da Lei e, sim debaixo da Graça de Cristo (Rm. 6:14). Por isso, o sangue de Cristo lava a culpa de quem errou (I João 1:9). Toda cédula de pecado é rasgada, não há mais dolo e nem culpa por causa do pagamento que Cristo fez na cruz. Trata-se de um resgate eterno e não de um simples contrato diante de uma lei.
Contextualizando, diante de uma verdadeira vida com Cristo, devemos aprender a perdoar como JESUS perdoou. Devemos seguir os passos de Jesus. Se alguém se acha discípulo de Jesus, mas não vive com a compaixão que Ele viveu, está enganando-se a si mesmo. Jesus se levantava contra a religião, contra o farisaísmo febril, mas se entregou sem vaidade na Cruz pelos fariseus e todos os pecadores. Diante da graça a culpa sumiu! Viver com Cristo e sentir-se culpado, ainda é escravidão de uma lei que aprisionou a alma e, precisa de libertação. Viver com Cristo e continuar julgando a vida dos outros, seja publicamente, seja no coração, é viver maldizendo os demais, e, precisa de libertação do pecado da língua e da maledicência.
Aos perfeccionistas, às vezes não por maldade, mas por inocência mesmo, escrevo: antes de levantar o dedo ou a voz de acusação a um irmão, contem primeiramente até 10 (ou mais) para que não pequem nesta hora por causa da trave no olho.
Para todos nós deixo uma música muito legal, muito pertinente de Thalles, a quem muitos perfeccionistas já apedrejaram também: “…Quero aprender com Jesus, quero seguir os passos de Jesus ( …) Quero aprender a perdoar com Jesus, eu também não merecia, e Ele me perdoou… Ele é o amor, e eu quero ser também, Ele ensinou que “tudo” é “nada” sem amar…”
CONCLUSÃO:
Observamos à luz da Palavra de Deus, que o homem, para buscar o seu conforto individual, por causa de sua natureza pecaminosa, prefere viver apontando o “dedo da culpa” em direção ao nariz de seu próximo, esquecendo da trave em seu olho. Muitas vezes, quando não achamos culpado, olhamos para o céu e culpamos a Deus por alguma coisa desconfortável. Mas, é verdade que tem cristão que não culpará os céus por nada. No entanto, alguns costumam culpar tanto o diabo por tudo o que acontece de desconforto, que até a costa do inimigo já não tem mais como ser esticada ou alargada por tanta culpa da humanidade.
Afinal de quem é a culpa agora?…
REFLEXÃO
Mas, concluo este artigo lembrando a nós mesmos que Jesus NÃO viveu assim. Quantas vezes Jesus mencionou a palavra culpa ou condenação? Quantas vezes o nosso Mestre exerceu e usou as palavras compaixão, amor e perdão?
E você? Quantas vezes condenou alguém ou perdoou alguém?
Perdoe e seja livre de verdade, e para sempre, amém!!
Claudinho Santos
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