sexta-feira, 19 de abril de 2013

No Bonsucesso, Valdiram muda de vida e diz não beber e fazer sexo há mais de dois anos: ‘Vou ser um matador na presença de Deus’



Enquanto a entrevista não começa, o celular de Valdiram toca música gospel. Membro da Assembleia de Deus no bairro do Éden, comandada pelo pastor Marcos Pereira, ele fez da religião o alicerce de sua recuperação. Já dentro das quatro linhas, a volta por cima vem se dando no Bonsucesso, semifinalista do primeiro turno da Série B. O clube virou seu retiro. Longe das bebidas, das drogas e até do sexo, é lá onde foca suas atenções em disputar a primeira decisão desde o regresso, o que pode ocorrer em caso de vitória neste sábado sobre a Portuguesa da Ilha.
Conhecido no passado pelas farras e pelo vício, o atacante hoje é o que chega na sede do clube com roupa social — quando não está de terno e gravata — falando em Deus e citando trechos da bíblia. Garante que não põe uma gota de álcool na boca há mais de dois anos, mesmo tempo em que também não se relaciona com mulheres.
— Não tem beijo. Nada. Só quando eu encontrar uma escolhida pelo Espírito Santo. Meu espírito está puro. Como eu vou me envolver com uma mulher rodada? Cheia de pecados por dentro? — questiona o atacante, que hoje vive em Santa Cruz da Serra.
Ele quer ser exemplo para os outros atletas do clube. Mas não obtém muito sucesso em pregar a palavra de Deus. Sempre que insiste em abordar o tema, o grupo de jogadores se desfaz e cada um vai para o seu canto.
— Hoje apareço de paletó, gravata, falando em Deus. É um exemplo para verem que Ele existe — diz Valdiram, que garante estar pronto para não sucumbir às tentações da fama quando ela voltar. — A torcida vai voltar a cantar "Hãm hãm Matador é Valdiram", mas vou ser um matador na presença de Deus.

Oração no monte à meia-noite
A música a que ele se refere era cantada pela torcida do Vasco em São Januário e no Maracanã nos idos de 2006. Sete anos depois, seu retorno ao futebol ocorreu em palco bem mais modesto: o estádio municipal de São João da Barra, contra o time da cidade, no dia 6. De lá para cá, foram mais dois jogos, contra Goytacaz e Juventus (vencido por W.O.). Valdiram é reserva e, até agora, não marcou.
— Quando voltei não fiquei nervoso. Porque? Joguei em 20 clubes, disputei várias decisões. Essa experiência me ajudou a manter a tranquilidade.
Ele apresenta a mesma calma quando o assunto é o medo da recaída. Garante não ter. Mesmo sabendo que o mundo do futebol é marcado por festas, bebidas e mulheres fáceis.
— Quando uma dessas mulheres que dão em cima de jogador me procura, eu começo a rezar. Fujo da experiência do mal. Todo dia eu subo o monte lá em Santa Cruz da Serra e fico de meia-noite até as três da manhã. Toda maldição fica lá em cima.
No período em que esteve afastado dos campos, diz ter retirado viciados de crack das favelas de Jacarezinho e Mandala e os levado ao projeto do pastor Marcos Pereira. Diante de um desafio como esse, recuperar o Bonsucesso é missão bem mais fácil. E quem ganha com isso é o próprio Valdiram.

Fonte: Extra




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